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BE Castanheira de Pera

Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas Dr. Bissaya Barreto - Castanheira de Pera

Aurélia de Sousa (1866 - 1922)

15.06.16

Aurélia de Sousa (1866 - 1922)

 

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 Aurélia de Sousa ao lado do seu autorretrato,

fotografia de Aurélio da Paz dos Reis.

 

 

Maria Aurélia Martins de Souza nasceu a 13 de junho de 1866, em Valparaíso, no Chile, onde o pai fazia então fortuna na construção do caminho-de-ferro. Aurélia vem para o Porto com a família em 1869, aos três anos. O dinheiro amealhado na emigração permitiu ao pai adquirir uma boa casa nas margens do Douro, a Quinta da China, cujos interiores e jardins, e também as belas vistas sobre o rio, servirão de tema a muitas das pinturas de Aurélia – hoje propriedade de António Mota, da construtora Mota-Engil.

 

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 "Autorretrato", Óleo s/ tela, c. 1900.

 

 

O pai de Aurélia morre quando esta tinha oito anos, e a Quinta da China passa a ser um espaço essencialmente feminino, já que a pintora tinha cinco irmãs e apenas um irmão, ao qual se juntará depois mais um  rapaz, fruto de um segundo casamento da mãe. Um dos mais notáveis quadros expostos na Casa Museu Marta Ortigão Sampaio é um óleo mostrando a mãe da artista, manifestamente inspirado no célebre quadro em que o pintor americano James Whistler pintou a sua própria mãe, Arrangement in Grey and Black No.1, de 1871, que estava exposto em Paris, diz Filipa Vicente, no período em que a pintora portuguesa ali estudou.

 

 

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 "Varanda da Quinta da China", óleo s/ tela, Aurélia de Sousa.

 

 

Depois de ter tido, desde os 16 anos, aulas particulares de desenho e pintura com Costa Lima, inscreve-se em 1893, juntamente com a sua irmã Sofia, na Academia de Belas-Artes do Porto, onde foi aluna de Marques de Oliveira. Segue para Paris em 1899, para estudar na já referida Académie Julian, e Sofia junta-se-lhe logo no ano seguinte.

 

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 "Retrato", óleo s/ tela, Aurélia de Sousa, 1896.

 

 

Sem direito a bolsas, que não eram atribuídas depois dos 25 anos, as duas irmãs só conseguem viver e estudar em Paris graças ao apoio financeiro dos seus cunhados, José Augusto Dias, casado com Helena, a irmã mais velha, e Vasco Ortigão Sampaio, casado com Estela, cuja importante coleção de arte foi herdada e prosseguida pela filha Marta, também ela pintora; a casa-museu com o seu nome acolhe agora a exposição dedicada à tia.

 

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 "A costura", óleo s/ tela, Aurélia de Sousa.

 

 

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 "Cena familiar", óleo s/ tela, Aurélia de Sousa, no MNSR.

 

 

Aurélia regressa ao Porto em 1902, não sem antes ter viajado com a irmã por vários países europeus, e nos 20 anos seguintes, até à sua morte, vive com a família na Quinta da China, onde dispõe de um atelier, e decerto também de um laboratório de revelação de fotografias, e participa ativamente nos meios artísticos do seu tempo.

 

Colabora em várias exposições coletivas, vai vendendo algumas obras – “pintou muitas flores, porque vendiam bem, era o gosto da época”, diz Filipa Vicente –, dá aulas particulares, desenvolve um significativo trabalho como ilustradora e experimenta outras técnicas, também documentadas nesta exposição, como a pintura de azulejo. E fotografa. Quer para preencher os álbuns de família, quer para a auxiliar na sua pintura, quer como “prática artística”, num estilo “pictorialista”, que repercute na nova arte preocupações próprias da pintura.

 

 

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 Vaso com flores, Óleo s/ tela, Aurélia de Sousa.

 

 

Aurélia de Sousa morre no Porto, a 26 de maio de 1922.

 

A primeira retrospectiva da obra de Aurélia de Sousa foi realizada 14 anos após a sua morte, em 1936, no Salão de Belas Artes do antigo Palácio de Cristal. Estiveram expostas 266 obras, quase todas vindas de colecções particulares. Uma exposição com ambição semelhante só voltaria a ocorrer em 1973, no Soares dos Reis, onde se mostraram 161 peças. É sobretudo aí que arranca o movimento mais contemporâneo de consagração de Aurélia de Sousa, que passa também pelos trabalhos de Raquel Henriques da Silva ou, entre outros, de Maria João Lello Ortigão de Oliveira, cuja tese de doutoramento, Aurélia de Souza em Contexto: a Cultura Artística no Fim de Século, veio revelar em 2002 várias obras da pintora até então desconhecidas. 

 

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 "A sombra", óleo s/ tela, Aurélia de Sousa, c. 1900-1910.

 

 

Dividida entre a Casa Museu Marta Ortigão Sampaio, no Porto, e o Museu da Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira, Matosinhos, a exposição Aurélia, mulher artista, inaugurada esta segunda-feira, celebra os 150 anos de um grande nome da arte portuguesa, Aurélia de Sousa (1866-1922), autora de centenas de pinturas, muitas delas inacessíveis ao público, e de um enorme acervo de fotografias, quase todo ainda por estudar.

 

Esta dupla exposição co-organizada pelas autarquias do Porto e de Matosinhos homenageia Aurélia de Sousa, que só nas últimas décadas tem sido reconhecida como uma das artistas portuguesas de maior relevo, ao lado de Columbano Bordalo Pinheiro, Henrique Pousão ou António Carneiro.

 

In Público.pt/Cultura Ípsilon

NB: Texto editado pela Equipa BE.

  

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

14.06.15

Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)

 

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Há 107 anos, nasceu em Lisboa uma das mais importantes pintoras europeias da segunda metade do século XX: Maria Helena Vieira da Silva (nascida a 13/06/1908 - Lisboa / falecida a 06/03/1992 - Paris)

Filha do embaixador Marcos Vieira da Silva falecido em Leysin a 14 de Fevereiro de 1911, e neta materna de José Joaquim da Silva Graça, jornalista, fundador, proprietário e diretor do jornal O Século e ainda proprietário da revista Ilustração Portuguesa, ficou órfã de pai aos três anos, tendo sido educada pela mãe em casa do avô materno, diretor do jornal O Século.


Mostrou de muito pequena interesse pela pintura e pela música começou a estudar pintura, a partir de 1919, com Emília Santos Braga e Armando Lucena. Em 1924, frequenta as aulas de Anatomia Artística da Escola de Belas Artes de Lisboa.


Em 1928, vai viver para Paris, acompanhada pela Mãe, indo visitar a Itália. No regresso começa a frequentar as aulas de escultura de Bourdelle, na Academia La Grande Chaumière. Mas abandona definitivamente a escultura, depois de frequentar as aulas de Despiau.


Começa então a estudar pintura com Dufresne, Waroquier e Friez, participando numa exposição no Salon de Paris.

  

Conhece o pintor húngaro Arpad Szenes, com quem casa em 1930, e com quem visitará a Hungria e a Transilvânia.


Em 1935, António Pedro organiza a primeira exposição da pintora em Portugal, e que a faz estar em Portugal por um breve período, até Outubro de 1936, após o qual voltará para Paris, onde participará ativamente na associação «Amis du Monde», criada por vários artistas parisienses devido ao desenvolvimento da extrema direita na Europa.

 

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 Vieira da Silva na sua casa-atelier do Boulevard Saint-Jacques, Paris.

 


Regressará em 1939, devido à guerra, já que para o seu marido, judeu húngaro, a proximidade dos nazis o incomoda, naturalmente. Ficará em Portugal por pouco tempo, pois o governo de Salazar não lhe restitui a cidadania portuguesa, mesmo tendo casado pela igreja. Não deixa de participar num concurso de montras, realizado no âmbito da Exposição do Mundo Português, que também lhe encomendou um quadro, mas cuja encomenda será retirada.

 

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"As bandeiras vermelhas", óleo s/ tela, 1939.

 


O casal de pintores decide-se a ir para o Brasil, até porque as notícias sobre uma possível invasão de Portugal pelo exército alemão não são de molde a sossegá-los.

 

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 "Le désastre ou la Guerre", óleo s/ tela, 1942

 


No Brasil serão recebidos de braços abertos, recebendo passaportes diplomáticos, que substituem os de apátridas emitidos pela Sociedade das Nações, tendo mesmo recebido uma proposta de naturalização do governo. Residirão no Rio de Janeiro até 1947, pintando, expondo e ensinando, regressando Vieira da Silva primeiro que o marido, retido pelos seus compromissos académicos.

 

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 "Partida de xadrez", óleo s/ tela, 1945.

 

 

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"Bibliotèque", óleo s/ tela,1949

 

 

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"Xeque-Mate", óleo s/ tela, 1949-50

 

 

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 "O Quarto Cinzento", óleo s/ tela, 1950, Tate Gallery, Londres

 

 

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"L'Arène", óleo s/ tela, 1951 

 


É a época em que Vieira da Silva começa a ser reconhecida. O estado francês compra-lhe "La Partie d'échecs" ("Partida de xadrez"), um dos seus quadros mais famosos. Vende obras suas para vários museus, realiza tapeçarias e vitrais, trabalha em gravura, faz ilustrações para livros, cenários para peças de teatro.

 

 

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"Composition", tapeçaria de Portalegre, 1951.

 

 

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 "Les grandes constructions", óleo s/ tela, 1956.

 


Expõe em todo o mundo e ganha o Grande Prémio da Bienal de São Paulo de 1962, e em 1966, entre muitos outros, o Grande Prémio Nacional das Artes, em Paris.


Em 1956, foi-lhe dada a nacionalidade francesa.


Em 1960, o Governo Francês atribui-lhe uma primeira condecoração; em 1966 é a primeira mulher a receber o Grand Prix National des Arts; a 9 de Dezembro de 1977 é agraciada com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada; em 1979, torna-se Dama da Ordem Nacional da Legião de Honra de França e a 16 de Julho de 1988 é agraciada com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

 

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 "La Bibliothèque en feu", 1966.


Participou na Europália, em 1992, e veio a morrer nesse ano.

 

Para honrar a memória do casal de pintores, foi fundada em Portugal a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, sediada em Lisboa e a Escola Vieira Da Silva, em Carnaxide.

 

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Em 2013, a União Astronómica Internacional deu o nome da artista plástica a uma cratera em Mercúrio.

 

Fontes: José Augusto França «A Arte em Portugal no Século XX», Lisboa, Bertrand, 1974
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