Visitas à Exposição "A Escola: Quem te viu e Quem te vê" (IX)
Visitas à Exposição
"A Escola: Quem te viu e Quem te vê" (IX)
A Prof. Ana Paula Vidal, a Prof.ª Fátima Domingues e o Prof. Paulo Silveiro
a observarem trabalhos da antiga Escola Primária em exposição.
Ao longo das semanas em que decorreu a exposição "A Escola: Quem te viu e Quem te vê", organizada pela Equipa BE e pelo Departamento de Ciências Sociais e Humanas na sala A4 da escola sede deste agrupamento de escolas, vários foram os professores e elementos da comunidade local que a visitaram em horários extra programa, acompanhados por elementos da Equipa BE.
Abaixo ficam imagens captadas em algumas dessas visitas guiadas.
No dia 25 de maio, a professora Ana Paula Vidal e a professora Fátima Domingues dirigiram-se à biblioteca escolar e pediram uma visita guiada à exposição, que foi conduzida pelo professor Paulo Silveiro.
O Prof. Paulo Silveiro a indicar os retratos do Dr. Oliveira Salazar
e do Presidente da República Almirante Américo Thomaz por cima do quadro
— e como Salazar nos segue sempre com o olhar...
A professora Ana Paula Vidal e a professora Fátima Domingues apreciaram muito a montagem da exposição e todos os objetos e materiais escolares antigos expostos, partilhando memórias da escola de antigamente com o professor Paulo Silveiro e com a professora Isabel Belchior, também presente.
O Prof. Paulo Silveiro com uma palmatória nas mãos
e a Prof.ª Ana Paula Vidal a recordar o seu uso.
Na escola do Estado Novo, o processo de ensino-aprendizagem era à força da memorização de conteúdos, da intimidação, da humilhação e de duros castigos corporais, que dependiam do carácter e bom-senso de cada professor.
A professora Fátima Domingos recordou com desgosto o seu professor primário, particularmente severo nos castigos que aplicava, e as dores nas mãos causadas pela palmatória, ou as vergastadas com uma cana fina que, muitas vezes, era aplicada por um aluno a outros (com ou sem culpa), senão, levava ele próprio... Havia mesmo ocasiões em que, quando um aluno merecia castigo e levava com a palmatória, todos tinham de se enfileirar para levar com ela também...
A Prof.ª Fátima Domingues, com interesse e gosto,
fez questão de fotografar cada pormenor da exposição.
Também a professora Ana Paula Vidal lembrou o excesso de exigência da atenção e obediência ao professor que tinham de ser totais da parte dos alunos, e de tudo ter de se memorizar nas matérias dadas, sem lugar para o espírito crítico e para a criatividade.
As professoras falaram também de diversos outros castigos, tal como os alunos terem de se ajoelhar sobre grãos de milho ou de feijão, a um canto da sala de aula, durante horas, e as dores que isso causava.
Os trabalhos da Escola Primária de uma antiga aluna, a Prof.ª Lília Lopes,
de Castanheira de Pera, foram admirados e despertaram mais memórias...
Durante o regime político do Estado Novo, os alunos tinham de aprender de cor o Decálogo do Estado Novo e em todas as lições havia mensagens de obediência ao regime político e a Salazar. Ninguém podia fazer a mínima crítica política, pois nunca se sabia quem podia estar a ouvir e fazer uma denúncia — daí a expressão "as paredes têm ouvidos" — sob pena de perder o emprego e ser enfiado na prisão pela P.I.D.E., torturado e/ou deportado do país.
Os professores a comentarem os cartazes de propaganda nacional.
Também a professora Fernanda Paula Pais visitou a exposição nesse dia, igualmente com o Prof. Paulo Silveiro.
A Prof.ª Fernanda Paula Pais admirou a montagem da exposição, tão próxima da realidade vivida, e partilhou as suas recordações do tempo de aluna, assim como as duras condições económicas da época, que tanto dificultavam o prosseguimento de estudos além da Escola Primária para a maioria da população. E recordou os vários professores na sua família, que tiraram o curso de professores primários, pela sua sede de conhecimento e de cultura.
O Prof. Paulo Silveiro e a Prof.ª Fernanda Paula Pais a observarem
a propaganda do Estado Novo.
Sempre atenta às observações dos colegas presentes, a professora Fernanda Paula Pais foi falando das suas memórias, sempre com um misto de tristeza e de alegria, enquanto observava os mapas e cartazes em exposição. Depois, teve a oportunidade de folhear alguns manuais escolares mais antigos e experimentou escrever na lousa ou ardósia, algo que a sensibilizou bastante.
A Prof.ª Fernanda Paula Pais a escrever numa lousa (ou ardósia)
da antiga Escola Primária.
Todos quantos visitaram a exposição e assistiram às visitas guiadas e palestras dadas manifestaram uma grande satisfação e apreço pelas atividades programadas, dando os parabéns a todos os intervenientes pelo sucesso na sua organização e dinamização.