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BE Castanheira de Pera

Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas Dr. Bissaya Barreto - Castanheira de Pera

#EstudoEmCasa Apoia

21.02.22

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#EstudoEmCasa Apoia

Esta iniciativa visa, não só orientar, encorajar e apoiar os alunos na recuperação e desenvolvimento das suas aprendizagens com autonomia, mas também ajudar a desenvolver as competências transversais preconizadas nos documentos curriculares orientadores através da promoção e organização do trabalho autónomo dos discentes.
De acesso livre, as ferramentas de apoio destinam-se aos alunos do ensino básico e secundário (cursos científico-humanístico, cursos técnicos e cursos profissionais ), professores, escolas e famílias, compreendendo um variado conjunto de recursos digitais, a saber webinários, podcasts, vídeos e, brevemente, cursos online desenvolvidos por áreas prioritárias de intervenção com a criação de comunidades de aprendizagem de alunos, em b-learning. Em todos os processos, os utilizadores contarão sempre com a orientação e apoio de especialistas nas diferentes áreas. Para o enriquecimento da plataforma digital , o #EstudoEmCasa@ conta com a rede de parceiros de agrupamentos de escolas e escolas portuguesas no estrangeiro, com as associações de professores e com parceiros da sociedade civil e científica.

A plataforma estará disponível numa página web e terá presença nas redes sociais Linkedin Instagram.

Objetivos

Apoiar os alunos na recuperação de aprendizagens, bem como no desenvolvimento de competências transversais preconizadas nos documentos curriculares orientadores.

Disponibilizar orientações e apoio para organização e estudo autónomos.

Disponibilizar recursos para apoio ao estudo de diferentes disciplinas (reorganizando os produzidos no âmbito do #EstudoEmCasa e produzindo outros em áreas deficitárias).

Descrição

Serviço de apoio para a recuperação de aprendizagens e para o estudo autónomo. O projeto #EstudoEmCasa Apoia irá disponibilizar recursos educativos que ajudem as escolas a orientar, encorajar e apoiar os alunos na recuperação e no desenvolvimento das suas aprendizagens com autonomia. Para isso, serão disponibilizados os recursos digitais do projeto #EstudoEmCasa 2019/2021 e outros que se considerem pertinentes.

O trabalho será desenvolvido por áreas prioritárias de intervenção com a criação de comunidades de aprendizagem, em regime de e-learning, com o apoio e a orientação de uma equipa multidisciplinar, contando com o contributo das comunidades educativas e de especialistas.

Benefícios e Impactos

Recuperar e promover o desenvolvimento das aprendizagens das diferentes áreas do saber, com recurso a uma plataforma de apoio ao aluno e às escolas, através de um conjunto de recursos que promove a organização do trabalho autónomo, no contexto de uma comunidade de aprendizagem.

Medidas

Divulgação de recursos educativos, através de uma plataforma digital (a partir de julho 2021).

Disponibilização junto das escolas de propostas de trabalho em regime e-learning (a partir de outubro 2021).

Criação de recursos digitais complementares aos já existentes e produzidos no âmbito do #EstudoEmCasa (de outubro 2021 a junho 2023).

Seminários/Webinários #EstudoEmCasa Apoia (julho 2021, julho 2022 e julho 2023).

Aceda ao #EstudoEmCasa Apoia - https://estudoemcasaapoia.dge.mec.pt/ 

Link para a apresentação do site no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=xhbWSdxh8IQ

Concurso Nacional de Leitura em Voz Alta

17.02.22

22246907_Uksw6.pngO Concurso Nacional de Leitura em Voz Alta, da Sertã, lançou a sua segunda edição, em 2022.  Esta iniciativa, organizada pela Biblioteca Municipal Padre Manuel Antunes e pela empresa Palser, no âmbito da Maratona da Leitura, conta com a colaboração da Rede de Bibliotecas Escolares.

Dirige-se às bibliotecas escolares portuguesas, do ensino público ou privado, regular ou profissional e tem como objetivo estimular o gosto pela leitura em voz alta e promover hábitos de leitura.

O concurso convida os alunos, com idade igual ou superior a 12 anos, a selecionar um trecho de uma obra literária do seu agrado e a gravar um áudio da sua leitura em voz alta. Os trabalhos devem ser enviados, para a organização, até ao dia 8 de abril de 2022.

Normas de participação.

Normas de participação. (Consulta aqui!)

Link para o site da organização.

 


100 Anos | 100 Palavras - José Saramago

15.02.22

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Porque é necessário ler José Saramago?

Para além de um prazer e consolo, ler José Saramago é uma necessidade e dever interior porque gera inquietação, reflexão crítica e vontade de transformação.

Visível na sua intervenção na vida pública, sobretudo através de crónicas, entrevistas e romances, Saramago considera “que o mundo precisa de ser mais humano” e que “Falham os que mandam e falham os que se deixam mandar” (Aguilera: 153) [1].

Voz indignada perante o desconcerto e o espetáculo do mundo e as atitudes de indiferença, passividade, resignação, aparência, status quo, competição. Cegueira branca ou mal branco que resulta da incapacidade mental das pessoas se desassossegarem e agirem perante quem sofre.

Assume uma atitude comprometida com o seu tempo e instiga, concidadãos e leitores, à consciencialização, à coerência e à mudança.

A ação - “O que uma pessoa faz” (Aguilera: 51) - define quem somos, a nossa identidade, o nosso nome.

Advoga sentido de respeito e responsabilidade perante os outros e a comunidade, que devem ser tidos em conta em todas as ações, individuais e coletivas. “O mundo precisa de uma forma diferente de entender as relações humanas e é a isso que eu chamo insurreição ética. Uma pessoa tem de perguntar a si própria: o que é que estou eu a fazer neste mundo?” (Aguilera: 121).

A insatisfação perante todas as coisas traduz-se em elevada exigência perante si próprio: “Não te permitas nunca ser menos do que aquilo que és” (Aguilera: 51).

Arte e literatura, tal como conhecimento e tecnologia, não são neutros, devem contribuir para uma existência cívica e humanista.

Dessacralizou a literatura e o trabalho de escritor, pois onde vai o escritor vai o cidadão e a ambos interessam todas as coisas.

O vínculo espontâneo aos animais, árvores e paisagem de menino tornou-o voz ativa em prol da proteção e defesa dos ecossistemas naturais e equilíbrio ambiental, advogando um humanismo que inclui todas as pessoas, seres vivos, animais e minerais.

Sobretudo a partir de Ensaio sobre a Cegueira (1995), assume como objetivo indagar sobre a condição do ser humano contemporâneo - o que somos, o que afeta a sociedade, o que nos rodeia – assumindo-se como voz universal. Nos seus romances os personagens – José, Blimunda, mulher do médico, cão das lágrimas – são amplos/ gerais e complexos, não se deixando reduzir a uma única característica ou circunstância. A sua escrita torna-se depurada e austera, como se estivesse “mais interessado na pedra de que a estátua é feita”, do que nas suas roupagens.

A estrutura concetual dos seus romances, aproxima-os do ensaio filosófico. Cultiva espanto, dúvida, interrogação, atitudes que aproximam a sua escrita da filosofia, que considera dever ser direito humano universal.

A sua vida é matéria literária pois, tal como Alexandre O’Neill, “A vida interessa-me, o que não me interessa é a vidinha” [2].

A sua memória e raízes é marcada pelo mundo das coisas pequenas e concretas da aldeia simples da Azinhaga (Golegã, Ribatejo) onde nasceu e à qual regressaria nas férias todos os anos da sua juventude. O Casalinho dos seus avós maternos, Josefa Caixinha e Jerónimo Melrinho, os primos, os primeiros amores e a comunidade, o rio Almonda, lagartos, porcos, rãs, ninhos, olivais, milheirais, os seus pés descalços que caminhavam sozinhos ao acaso. Expressa-o literariamente, sobretudo em As pequenas memórias (2006) e em crónicas como A bagagem do viajante (1973) ou Deste mundo e do outro (1971). “Apenas via as coisas do mundo e gostava de vê-las. Nunca fui de pequenas imaginações. Eu não me interessava por fantasias, mas pelo que ocorria”, recorda (Aguilera: 29).

Mudou-se com a família para Lisboa ao ano e meio, esteve em dez moradas em pouco mais de dez anos. Em adolescente “Só pude fazer dois anos de liceu [Gil Vicente], depois tirei um curso de serralharia mecânica na Escola Afonso Domingues. Ainda exerci [numa oficina de automóveis]; depois fui desenhador técnico, depois entrei para as burocracias do Estado; depois trabalhei durante doze anos na Editorial Estúdios Cor […]. Depois vieram os jornais…” (Aguilera: 78, 79): Diário de Lisboa (editorialista) e Diário de Notícias (diretor-adjunto).

“Sou autodidata. […] A minha educação literária foi feita nas bibliotecas públicas [sobretudo na Biblioteca Palácio das Galveias], porque na minha casa não tinha um único livro, a minha mãe era analfabeta” (Aguilera: 91).

Vendo “concretizar-se o cenário de pesadelo anunciado pela ficção científica: alguém encerrado no seu apartamento, isolado de todos e de tudo, na mais angustiosa solidão, mas ligado por internet e em comunicação com todo o planeta”, sente nostalgia desta biblioteca do Campo Pequeno (Lisboa) em que a relação com o conhecimento passava por um mediador, o bibliotecário e por uma comunicação direta entre pessoas unidas com o mesmo propósito [3].

As suas origens humildes e formação irregular fá-lo descobrir tardiamente - a partir de Levantado do Chão (1980), com cinquenta e oito anos - a sua própria voz literária.

Aos 63 anos encontra o amor da sua vida, Pílar de Río, jornalista de 36 anos.

Das pequenas coisas chega-se às grandes coisas e, a 8 de outubro de 1998, a Academia Sueca atribui a José Saramago o Prémio Nobel da Literatura. No discurso que profere critica o não efetivação da Declaração Universal dos Direitos Humanos [4] e anuncia a Carta Universal de Deveres e Obrigações dos Seres Humanos [5].

Para além do cuidado e projeção da sua obra, a Fundação José Saramago, criada em 2007 e presidida por Pilar, tem como desígnio, por vontade expressa do escritor: “que a fundação intervenha na vida. Será uma pequena voz, eu sei. Não poderá mudar nada, também sei. Mas queremos que funcione como se tivesse nascido para mudar tudo” (Aguilera: 94).

Com o mesmo propósito da casa da obra de Saramago, a biblioteca escolar enquanto casa da leitura, imaginação e curiosidade, pretende abrir, a todas as crianças e jovens, as portas para a compreensão do mundo e de si próprias (Aguilera: 162) para uma vida livre e ética, em que cada um possa realizar as suas potencialidades.

 

Referências

1. Aguilera, F. (2010, nov.). José Saramago nas suas palavras (2.ª Ed.). Editorial Caminho. 

2. Alves, C. (1986, 23 ago.). O'Neill: "Não me interessa a vidinha", in: Expresso [jornal, p. 16]. nº 721.

3. Saramago, J. (2004). Informação: A quadratura do círculo. EFE, in: Clube de Jornalistas (2010, 30 jun.). Saramago, o jornalismo e a quadratura do círculo. CJ. https://www.clubedejornalistas.pt/?p=2860 [Seminário organizado pela agência de notícias EFE - Espanha, 2004]

4. Saramago, J. (1998, 7 dez.). José Saramago – Nobel Lecture: De como a personagem foi mestre e o autor seu aprendiz. The Nobel Prize. https://www.nobelprize.org/prizes/literature/1998/saramago/25345-jose-saramago-nobel-lecture-1998/

Outras versões do discurso de José Saramago na entrega do prémio Nobel da Literatura na Academia Sueca, em Estocolmo, a 7 de dezembro de 1998:

Saramago, J. (2018). Discursos de Estocolmo [Texto]. Porto Editora. https://www.portoeditora.pt/responsive/landing-pages/saramago/imagens/pdf/saramago_discursos_de_estocolmo.pdf

Saramago, J. (2018). Discursos de Estocolmo [Vídeo]. Fundação José Saramago.  https://www.youtube.com/watch?v=0F-fupSNmJk

5. Fundação José Saramago. (2017). Carta Universal de Deveres e Obrigações dos Seres Humanos. https://www.josesaramago.org/carta-universal-dos-deveres-e-obrigacoes-dos-seres-humanos/

6. Fonte da imagem: Saramago, J. (2008). Biografia. Fundação José Saramago. https://www.josesaramago.org/biografia/