Eça de Queiroz (1845-1900) foi um dos maiores escritores portugueses. O Crime do Padre Amaro, publicado em 1875, foi o seu primeiro grande trabalho, marco inicial do Realismo em Portugal e foi considerado o melhor romance realista português do século XIX. Eça foi o único romancista português que conquistou fama internacional nessa época. A crítica social unida à análise psicológica aparece também nos livros O Primo Basílio, O Mandarim, A Relíquia e Os Maias.
Eça de Queiroz nasceu no dia 25 de novembro de 1845, na cidade de Póvoa de Varzim, Portugal, filho da fidalga portuguesa D. Carolina Augusta Pereira de Eça e de José Maria d`Almeida de Teixeira de Queirós, nascido no Rio de Janeiro, Brasil, em 1820. O seu pai foi juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Justiça, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveiro, fidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade. Foi ainda escritor e poeta, e o juiz instrutor do célebre processo do escritor Camilo Castelo Branco.
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Os pais de Eça de Queiroz.
Eça foi aluno interno do Colégio da Lapa na cidade do Porto, onde terminou os estudos secundários. Em 1861 matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.
No ambiente boémio da cidade universitária de Coimbra, Antero de Quental, Eça de Queiroz, Oliveira Martins, entre outros jovens intelectuais, reuniam-se para trocar ideias, livros e formas para a renovação da vida política e cultural portuguesa, que estava a viver uma autêntica revolução com os novos meios de transportes ferroviários, que traziam todos os dias novidades do centro da Europa, influenciando esta geração com as novas ideologias. Foi o início da Geração de 70.
Este grupo da Escola de Coimbra insurgir-se-ia em 1865 contra o grupo de escritores de Lisboa, a chamada Escola do Elogio Mútuo, numa polémica em torno do confronto literário com os ultra românticos do "Bom senso e do Bom gosto". Esta polémica ficou conhecida por Questão Coimbrã e é considerada a semente do Realismo em Portugal. Foi encabeçada por Antero de Quental e Teófilo Braga contra António Feliciano de Castilho.
Mais tarde, em Lisboa, os agora licenciados formariam o Grupo do Cenáculo e reunir-se-iam no Casino Lisbonense, para discutir os temas de cada reunião, que acabaria por ser proibida pelo governo.
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Participantes da Geração 70, da Questão Coimbrã
e Conferências do Casino Lisbonense.
Tendo Eça terminado o curso de Direito em 1866, fixou-se em Lisboa, exercendo simultaneamente advocacia e jornalismo. Dirigiu o Distrito de Évora e participou na Gazeta de Portugal com folhetins dominicais que seriam mais tarde editados em volumes com o título Prosas Bárbaras.
Em 1869 assistiu à inauguração do Canal do Suez em companhia de D. Luís de Castro, quinto Conde de Resende, irmão da sua futura mulher, D. Emília de Castro Resende. Viajou pela Palestina e aí registou notas de viagem que usou na sua criação literária, nomeadamente nas obras O Egipto e A Relíquia.
Por influência do seu companheiro e amigo universitário, Antero de Quental, entregou-se ao estudo de Proudhon e aderiu ao grupo do Cenáculo. Em 1870, tomou parte ativa nas Conferências do Casino (marca definitiva do início do período realista em Portugal). Ainda nesse ano, em colaboração com o escritor Ramalho Ortigão, escreveu o romance policial O Mistério da Estrada de Sintra, e em 1871, As Farpas, sátiras à vida social, publicadas em fascículos.
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O Grupo do Cenáculo (da esq. para a dta.): Eça de Queiroz,
Oliveira Martins, Antero de Quental, Ramalho Ortigão e Guerra Junqueiro.
Eça de Queiroz profere em conferência o tema "O Realismo Como Nova Expressão de Arte", no Casino Lisbonense, em 1871.
Em 1870 ingressou na Administração Pública, sendo nomeado administrador do concelho de Leiria. Foi na cidade do rio Lis que elaborou O Crime do Padre Amaro. Tendo ingressado na carreira diplomática, em 1873 foi nomeado cônsul de Portugal em Havana.
Os anos mais produtivos de sua carreira literária foram passados em Inglaterra, entre 1874 e 1878, durante os quais exerceu o cargo em Newcastle e Bristol. Em Inglaterra escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, como A Capital, escrito numa prosa hábil, plena de realismo, iniciou a escrita d` O Primo Basílio e começou a arquitetar Os Maias, O Mandarim e A Relíquia. Manteve a sua atividade jornalística, publicando esporadicamente no Diário de Notícias, em Lisboa, a rubrica «Cartas de Inglaterra». Mais tarde, em 1888, seria nomeado cônsul em Paris.
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"Eça de Queiroz", uma caricatura de
Rafael Bordalo Pinheiro
(in Álbum das Glórias)
Em 1885 visita em Paris, o escritor francês Émile Zola.
Em 1886, casou com D. Maria Emília de Castro Pamplona Resende, irmã do quinto Conde de Resende. O casal teve quatro filhos: Maria, José Maria, António e Alberto.
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Eça de Queiroz e esposa na Quinta de Sto. Ovídeo.
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A Senhora D. Emília de Resende Queiroz e os seus filhos
(da esq. para a dta): Alberto, António, José, Maria.
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Eça com os filhos José e Maria.
Em 1888, Eça tornou-se cônsul de Paris. Publica o romance Os Maias onde se observa uma mudança na atitude irreverente de Eça de Queiroz. Segundo o crítico João Gaspar Simões, o autor "deixa transparecer os mistérios do destino e as inquietações do sentimento, as apreensões da consciência e os desequilíbrios da sensualidade" e publica na imprensa a Correspondência de Fradique Mendes e A Ilustre Casa de Ramires. Nesta nova fase literária, Eça deixa transparecer uma descrença no progresso. Manifesta a valorização das virtudes nacionais e a saudade da vida no campo, com os romances A Ilustre Casa de Ramires e A Cidade e as Serras, o conto Suave Milagre e as biografias religiosas.
Nos últimos anos, escreveu para a imprensa periódica, fundando e dirigindo a Revista de Portugal. Sempre que vinha a Portugal, reunia-se em jantares com o grupo dos Vencidos da Vida, os acérrimos defensores do Realismo que se sentiram falhar em todos os seus propósitos.
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Os Vencidos da Vida (fotografia de P. Marinho, in Brasil-Portugal, a. II, 1900):
António Maria Vasco de Melo César e Meneses, Luís Augusto Pinto de Soveral,
Carlos Félix de Lima Mayer, Francisco Manuel de Melo Breyner, Guerra Junqueiro,
Ramalho Ortigão, Carlos Lobo d'Ávila, Bernardo Pinheiro Correia de Melo,
Eça de Queirós e J. P. de Oliveira Martins
José Maria Eça de Queiroz faleceu em Paris, no dia 16 de agosto de 1900.
Para saberes mais, visita a Fundação Eça de Queiroz (clica na imagem abaixo):
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Para veres a lista das obras de Eça de Queirós, clica nas palavras abaixo:
Cronologia das obras publicadas em vida
Cronologia das obras publicadas postumamente
In e-Biografias, jbo.no.sapo.pt, Wikipédia, C.I.T.I., Fundação Eça de Queiroz, Antunes Portefólio, Estadão/A Biblioteca de Raquel
NB: Texto editado pela Equipa BE.