Obras de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)
Algumas obras de Vieira da Silva, acompanhadas pela ária "La luna", da ópera Rusalka, de Antonín Dvorak, na belíssima voz da soprano russa Anna Netrebko.
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Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas Dr. Bissaya Barreto - Castanheira de Pera
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Algumas obras de Vieira da Silva, acompanhadas pela ária "La luna", da ópera Rusalka, de Antonín Dvorak, na belíssima voz da soprano russa Anna Netrebko.
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Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992)
Há 107 anos, nasceu em Lisboa uma das mais importantes pintoras europeias da segunda metade do século XX: Maria Helena Vieira da Silva (nascida a 13/06/1908 - Lisboa / falecida a 06/03/1992 - Paris)
Filha do embaixador Marcos Vieira da Silva falecido em Leysin a 14 de Fevereiro de 1911, e neta materna de José Joaquim da Silva Graça, jornalista, fundador, proprietário e diretor do jornal O Século e ainda proprietário da revista Ilustração Portuguesa, ficou órfã de pai aos três anos, tendo sido educada pela mãe em casa do avô materno, diretor do jornal O Século.
Mostrou de muito pequena interesse pela pintura e pela música começou a estudar pintura, a partir de 1919, com Emília Santos Braga e Armando Lucena. Em 1924, frequenta as aulas de Anatomia Artística da Escola de Belas Artes de Lisboa.
Em 1928, vai viver para Paris, acompanhada pela Mãe, indo visitar a Itália. No regresso começa a frequentar as aulas de escultura de Bourdelle, na Academia La Grande Chaumière. Mas abandona definitivamente a escultura, depois de frequentar as aulas de Despiau.
Começa então a estudar pintura com Dufresne, Waroquier e Friez, participando numa exposição no Salon de Paris.
Conhece o pintor húngaro Arpad Szenes, com quem casa em 1930, e com quem visitará a Hungria e a Transilvânia.
Em 1935, António Pedro organiza a primeira exposição da pintora em Portugal, e que a faz estar em Portugal por um breve período, até Outubro de 1936, após o qual voltará para Paris, onde participará ativamente na associação «Amis du Monde», criada por vários artistas parisienses devido ao desenvolvimento da extrema direita na Europa.
Vieira da Silva na sua casa-atelier do Boulevard Saint-Jacques, Paris.
Regressará em 1939, devido à guerra, já que para o seu marido, judeu húngaro, a proximidade dos nazis o incomoda, naturalmente. Ficará em Portugal por pouco tempo, pois o governo de Salazar não lhe restitui a cidadania portuguesa, mesmo tendo casado pela igreja. Não deixa de participar num concurso de montras, realizado no âmbito da Exposição do Mundo Português, que também lhe encomendou um quadro, mas cuja encomenda será retirada.
"As bandeiras vermelhas", óleo s/ tela, 1939.
O casal de pintores decide-se a ir para o Brasil, até porque as notícias sobre uma possível invasão de Portugal pelo exército alemão não são de molde a sossegá-los.
"Le désastre ou la Guerre", óleo s/ tela, 1942
No Brasil serão recebidos de braços abertos, recebendo passaportes diplomáticos, que substituem os de apátridas emitidos pela Sociedade das Nações, tendo mesmo recebido uma proposta de naturalização do governo. Residirão no Rio de Janeiro até 1947, pintando, expondo e ensinando, regressando Vieira da Silva primeiro que o marido, retido pelos seus compromissos académicos.
"Partida de xadrez", óleo s/ tela, 1945.
"Bibliotèque", óleo s/ tela,1949
"Xeque-Mate", óleo s/ tela, 1949-50
"O Quarto Cinzento", óleo s/ tela, 1950, Tate Gallery, Londres
"L'Arène", óleo s/ tela, 1951
É a época em que Vieira da Silva começa a ser reconhecida. O estado francês compra-lhe "La Partie d'échecs" ("Partida de xadrez"), um dos seus quadros mais famosos. Vende obras suas para vários museus, realiza tapeçarias e vitrais, trabalha em gravura, faz ilustrações para livros, cenários para peças de teatro.
"Composition", tapeçaria de Portalegre, 1951.
"Les grandes constructions", óleo s/ tela, 1956.
Expõe em todo o mundo e ganha o Grande Prémio da Bienal de São Paulo de 1962, e em 1966, entre muitos outros, o Grande Prémio Nacional das Artes, em Paris.
Em 1956, foi-lhe dada a nacionalidade francesa.
Em 1960, o Governo Francês atribui-lhe uma primeira condecoração; em 1966 é a primeira mulher a receber o Grand Prix National des Arts; a 9 de Dezembro de 1977 é agraciada com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada; em 1979, torna-se Dama da Ordem Nacional da Legião de Honra de França e a 16 de Julho de 1988 é agraciada com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
"La Bibliothèque en feu", 1966.
Participou na Europália, em 1992, e veio a morrer nesse ano.
Para honrar a memória do casal de pintores, foi fundada em Portugal a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, sediada em Lisboa e a Escola Vieira Da Silva, em Carnaxide.
Em 2013, a União Astronómica Internacional deu o nome da artista plástica a uma cratera em Mercúrio.
Fontes: José Augusto França «A Arte em Portugal no Século XX», Lisboa, Bertrand, 1974
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